Fatores Humanos no Mergulho para Leigos - Parte 9: Condições produtoras de erros - o que torna mais provável que cometamos um "erro"

- portuguese brazilian dummies fatigue jenny lord pedro paulo cunha performance shaping factors stress Jun 07, 2023

Você já percebeu como quando estamos estressados ou cansados, mais coisas parecem dar errado? Isso é frequentemente conhecido como "Lei de Murphy", mas será que há mais do que isso?


Fadiga ou Cansaço?


Bem, as coisas certamente podem parecer piores quando não estamos nos sentindo bem, mas como você provavelmente sabe, é mais provável que seja nossa condição que esteja causando os erros em primeiro lugar. Pesquisas mostram que estar cansado ou fatigado tem um efeito negativo em nossa capacidade de usar nossos cérebros. Isso inclui coisas como solução de problemas, memória, alerta, atenção e gerenciamento do estresse. O cansaço é um evento de curto prazo, que pode ser facilmente resolvido. Por exemplo, ficamos cansados quando temos uma noite de sono ruim seguida de um despertar mai cedo que o normal. A fadiga é de longo prazo; um médico que trabalha longas horas e em vários turnos.

Então, por que precisamos pensar nisso como mergulhadores? Todo mundo sabe que você acorda assim que cai na água fria, certo?! Infelizmente, isso não é suficiente para anular todos os efeitos que eu listei acima, o que ainda pode ser um problema. O mesmo acontece com o café - é um impulso de curto prazo que não ajuda por muito tempo. A maioria de nós não consideraria fazer um mergulho depois de beber álcool e, no entanto, a fadiga e o cansaço têm efeitos semelhantes. O cansaço diminui a nossa capacidade de pensar, torna mais difícil lembrar as coisas e mais difícil descobrir o que fazer se algo não estiver indo bem. Também aumenta nosso apetite de risco... há uma razão pela qual você não encontrará um relógio em um cassino - eles querem que você fique e fique cansado!


Estresse - Distress ou Eustress?


Outro fator que pode afetar negativamente é o estresse. Quando falamos de estresse, normalmente pensamos em estresse negativo ou distress. Este é o tipo de estresse que sentimos quando estamos em uma situação desconfortável, em algum lugar onde estamos com medo ou sob pressão. A quantidade de distress sentida vai diferir de pessoa para pessoa, dependendo da situação. Algumas pessoas ficarão muito nervosas com a ideia de mergulhar com tubarões, enquanto outras podem estar sentindo o oposto, Eustress, que é um sentimento positivo. O mesmo acontece quando falamos em ficar em pé na frente de uma classe para ensinar ou fazer um mergulho profundo/caverna/naufrágio pela primeira vez. Você pode pensar no estresse como sendo como um balde que se enche quanto mais estressante é a situação. Quanto mais cheio estiver, menos capacidade teremos para lidar com os problemas. Podemos esvaziar nossos baldes fazendo coisas que gostamos ou que achamos relaxantes, como ler, correr ou jogar jogos de computador. Algumas pessoas conseguem lidar com um balde cheio por mais tempo do que outras, mas, em última análise, todos temos nossos limites. Pode ser difícil detectar pessoas cujo balde está ficando cheio, especialmente se não as conhecemos. Indicadores podem ser falar muito (ou ficar muito quieto), verificações excessivas no equipamento, no companheiro ou no plano, e parecer não ouvir ou entender o que está sendo dito.


Quantos limões?


Anos atrás, fui apresentada ao conceito dos "três limões". A ideia é que, se três limões se alinharem em uma máquina caça-níqueis, o jogo acabou. Portanto, antes e durante os mergulhos, devemos procurar limões e, se obtivermos três, é provável que os níveis de estresse tenham aumentado o suficiente para afetar negativamente as coisas e, provavelmente, devemos cancelar o mergulho. Limões são qualquer coisa que aumenta os níveis de estresse e, portanto, diferem para cada pessoa; o que pode ser um limão para você pode ser uma inconveniência menor para outra pessoa. Algo como um o-ring defeituoso, por exemplo, pode ser estressante para um mergulhador iniciante, especialmente se ele não tiver peças sobressalentes, mas improvável que gere preocupação de um mergulhador experiente. Eles também podem mudar de acordo com quando acontecem - o exemplo do o-ring pode não ser um problema se ocorrer antes do mergulho, mas se ele falhar assim que você pular na água, certamente será um limão, pois envolverá muito mais trabalho para resolvê-lo.

Estava mergulhando com um amigo que não tinha feito muitos mergulhos recentemente. Antes de começarmos, o nível de estresse dele já estava um pouco mais alto do que o normal com base no fato de que ele se sentia ‘enferrujado’; um limão. Enquanto estávamos preparando nosso equipamento, ele teve alguns problemas menores que, embora não fossem graves, foram suficientes para deixá-lo um pouco frustrado; dois limões. Quando chegamos ao local do mergulho, seu o-ring estourou; três limões. Embora fosse uma correção fácil, a essa altura ele estava claramente demonstrando sinais de frustração e eu sabia que, se tentássemos prosseguir com o mergulho, se algo acontecesse durante ele, ele poderia não ser capaz de lidar com o problema. Conversamos e concordamos que sim, ele estava muito estressado e precisava se acalmar. Voltamos ao centro e tiramos nossas roupas de mergulho. Quando sentamos com um café e começamos o debrief, pude ver que ele relaxou consideravelmente e voltou a sua capacidade usual. Fomos mergulhar naquela tarde e tivemos um mergulho agradável e relaxante, o que ele disse depois que era exatamente o que ele precisava para se recuperar.


Custos irrecuperáveis - difícil dizer não?


Pode ser difícil cancelar um mergulho por coisas que parecem tão pequenas, especialmente se não for possível fazer o mergulho novamente e se já tiver pago por ele ou se for crucial para um objetivo (como um curso de certificação), algo que chamamos de "falácia do custo irrecuperável". Mas a pergunta chave a ser feita é "Se algo der errado, todos temos capacidade suficiente para lidar com isso?". Se a resposta for provavelmente não ou não, isso deve ajudá-lo a decidir.


Resumo


Em resumo, cansaço, fadiga e estresse podem nos fazer comportar de maneiras que podem não ajudar quando mergulhamos e podem realmente nos causar problemas sérios. Certificar-se de que estamos bem descansados antes de um mergulho não é apenas para aproveitá-lo mais, mas para nos manter seguros. Adicione o estresse na mistura, e as coisas podem se tornar letais rapidamente, então vale a pena estar ciente do seu próprio comportamento de estresse para poder identificar se não tem capacidade para fazer o mergulho, além de conhecer como seus companheiros agem quando estão estressados. Cuidado com esses limões!

 


 

Jenny é uma instrutora de mergulho técnico em tempo integral. Antes de se dedicar ao mergulho, ela trabalhou por 10 anos em educação ao ar livre, ensinando escalada, caiaque em águas brancas, canoagem, vela, esqui, cavernas e ciclismo, entre outros esportes. Seu interesse em desenvolvimento de equipes começou com a educação ao ar livre, usando-a como uma ferramenta para ajudar as pessoas a aprenderem mais sobre comunicação, planejamento e trabalho em equipe.

Desde 2009, ela mora em Dahab, no Egito, ensinando mergulho SCUBA. Agora ela é instrutora de mergulho técnico pela TDI, instrutora avançada de trimix, mergulhadora avançada de CCR com misturas e instrutora de CCR com helitrox.

Jenny já apoiou vários mergulhos profundos como parte da equipe de mergulho da H2O Divers e trabalha como mergulhadora de segurança na indústria de dublês.

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