Fatores Humanos no Mergulho para Leigos - Parte 5: Tomada de decisão não é tão simples quanto você pensa

- portuguese brazilian decision-making jenny lord pedro paulo cunha May 09, 2023

Quando foi a última vez que você teve que tomar uma decisão? Eu suponho que provavelmente há apenas alguns minutos. Essa decisão poderia ter sido enorme (sim, vou comprar esta casa) ou pequena (sim, vou tomar uma xícara de chá). Tomamos milhares de decisões todos os dias e a maioria delas nem mesmo reconhecemos como sendo decisões porque nossas respostas a elas são inconscientes. Mas quando estamos submersos, a tomada de decisão pode ser a diferença entre a vida e a morte, então precisamos garantir que estamos tomando a decisão certa. Mas como fazemos isso?


Cada decisão que tomamos é diferente. Você pode ter notado que em uma situação familiar, é muito fácil decidir o que fazer, mas quando está fazendo algo pela primeira vez, pode ser mais difícil. Isso ocorre por causa da maneira como tomamos decisões. Existem vários modelos que descrevem como tomamos decisões, e um dos mais populares afirma que temos dois métodos de pensar: sistema 1 e sistema 2. O sistema 1 é o que usamos em situações familiares, é o "piloto automático". Quando você dirige para o trabalho, chega lá e nem se lembra da viagem? Sim, você estava usando o sistema 1. É muito rápido e funciona para coisas que você faz regularmente ou considera muito fáceis. Mas ninguém começa a dirigir um carro sem pensar. Começamos usando o pensamento do sistema 2. Isso é muito mais lento e é quando temos que pensar conscientemente sobre as coisas. Lembra quando estava aprendendo e precisava pensar em "espelho, sinal e manobra"? Isso ocorria porque era uma habilidade nova, então exigia o uso do Sistema 2. Quanto mais praticamos as coisas, mais fáceis elas ficam e eventualmente elas passam para o Sistema 1.

Outra maneira de ver a tomada de decisões é olhar para como especialistas tomam decisões em comparação com iniciantes. No blog de consciência situacional, mencionei o uso de pistas ou indicações para nos ajudar a tomar decisões. Se um mergulhador experiente se encontrar em uma nova situação, ele olhará ao redor, verá o que está acontecendo, observará quais recursos tem e tomará decisões com base nessa informação usando a experiência anterior como um modelo mental. No entanto, um iniciante pode ver exatamente as mesmas coisas, mas não saber o que fazer com essa informação. Ou pode levar tanto tempo para descobrir o que fazer que a situação mudou.


Uma vez eu liderava um mergulho com dois mergulhadores iniciantes. O plano que havia sido apresentado era nadar em uma direção até que a primeira pessoa atingisse 110 bar, então subiria para uma profundidade menor e voltaria para o ponto de partida. Não seríamos capazes de sair em nenhum outro ponto que não fosse a entrada que usamos, devido ao corais. Enquanto nadávamos, eu podia sentir uma leve corrente nos empurrando por trás. Verifiquei o ar dos outros e, quando um deles me disse que tinha 130 bar, dei o sinal para virar o mergulho. Ele parecia confuso e repetiu o sinal de "130" para mim. Eu balancei a cabeça e novamente dei o sinal para virar, desta vez também indicando que havia uma corrente. Eu vi seus olhos se abrirem em entendimento.

Depois do mergulho, discutimos por que eu havia decidido virar mais cedo. Mesmo que ambos tenham reconhecido que sentiram a corrente, nenhum percebeu o que isso significaria se tivessem seguido o plano original. Como eu já havia estado nessa situação antes, foi uma decisão fácil para mim tomar. Eles não tinham a mesma experiência, então não tinham um modelo mental para ajudá-los. É aqui que os debriefings realmente ajudam, compartilhando o processo de pensamento e permitindo que outros usem esse modelo mental no futuro caso se encontrarem uma situação semelhante.

Você pode usar essas informações para ajudá-lo. Quando estiver aprendendo algo novo, pratique! Lembre-se de que "a prática leva à perfeição". Isso ajuda a transferir as habilidades do pensamento do sistema 1 para o sistema 2. E use debriefings para ajudar a compartilhar uma compreensão dos modelos mentais. Se alguém tomou uma decisão diferente da que você teria tomado, pergunte por que. Pode ser que eles tenham visto pistas diferentes, captado algo que você não percebeu ou tido uma experiência anterior na qual puderam se basear. Quando você começa a observar de perto as decisões que as pessoas tomam, fica mais fácil para você entendê-las melhor e, portanto, saber o que elas provavelmente farão no futuro - é realmente útil se você estiver em um ambiente em que a comunicação é difícil, como debaixo d'água!


O próximo nesta série de blogs é sobre a comunicação e o porquê às vezes ela dá errado!

Blogs relacionados sobre tomada de decisão em mergulho:

https://www.thehumandiver.com/blog?tag=decision-making

 


 

Jenny é uma instrutora de mergulho técnico em tempo integral. Antes de se dedicar ao mergulho, ela trabalhou por 10 anos em educação ao ar livre, ensinando escalada, caiaque em águas brancas, canoagem, vela, esqui, cavernas e ciclismo, entre outros esportes. Seu interesse em desenvolvimento de equipes começou com a educação ao ar livre, usando-a como uma ferramenta para ajudar as pessoas a aprenderem mais sobre comunicação, planejamento e trabalho em equipe.

Desde 2009, ela mora em Dahab, no Egito, ensinando mergulho SCUBA. Agora ela é instrutora de mergulho técnico pela TDI, instrutora avançada de trimix, mergulhadora avançada de CCR com misturas e instrutora de CCR com helitrox.

Jenny já apoiou vários mergulhos profundos como parte da equipe de mergulho da H2O Divers e trabalha como mergulhadora de segurança na indústria de dublês.
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